Salmo 151


 Hoje, como não é de meu costume, resolvi prestar atenção no jornal do meio dia. Agimos com total naturalidade perante as atrocidades de um mundo, como diria Eduardo Galeano, ao avesso. Acostumados a conhecer a fome, seres de pele e osso buscam comida junto a lixos hospitalares. Desconhecem a verdade por trás dos panos de seda, onde esbanja-se riqueza de terno e gravata. Taxa natural de desemprego, taxa natural de homicídios, em que ponto me perdi, e tornou-se da nossa natureza crimes e assassinatos de primeiro grau? Não sou velho o suficiente para dizer que na minha época não era assim, mas calar-se diante de uma verdade nua e crua não deveria fazer o estilo de ninguém.
Coloquemos então a culpa no governo, afinal, nunca foi o povo quem decidiu seus governantes. Teme-se um Deus enquanto implora-se de joelho o pão nosso de cada dia, que é repartido em migalhas para bocas famintas e insaciáveis. É comum nascer junto a um destino traçado, e caminhar com passos largos a caminho da guilhotina. Compra-se amor com dinheiro, e de amor só vive-se até o final do mês. Isso se você tiver sorte e uma bala perdida não encurtar os seus 30 dias.
Pequemos então, irmãos. Louvado seja a quem o pecado de sonhar bater à porta! Pois se é da natureza do ser humano nascer medíocre e morrer em vão, Então cada um cave seus próprios sete palmos, pois eu lavo minhas mãos dessa insensatez.

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