Anoiteceu em Santa Maria
Escrito por Luis Echer em domingo, 27 de janeiro de 2013 em | 0 comentários
Ontem a noite não teve luar. A fumaça tóxica que fechou o céu riograndense fechou também olhos de muitos gaúchos. Conhecidos ou não, a perda de meus irmãos de pátria tira de mim uma parte, que se esvai junto ao caos ocorrido em Santa Maria. Mais de duzentos sonhos calados, mais de duzentos futuros calados, e um único desespero que não quer calar. Os gritos de terror da maior tragédia já ocorrida em nosso estado hoje é o que silencia nossas mentes em forma de luto, e o coração do Rio Grande do Sul passa por um momento que nunca será esquecido.
Paranóia
Escrito por Luis Echer em sábado, 26 de janeiro de 2013 em | 0 comentários
Cresci
onde não via nada... não havia nada,
Neblina turva, sublime em
tundra,
Cada vez mais mais funda em meus pensamentos.
Vivia eu só, junto à mente escura,
Encontrara a paz, despida, nua,
Que de tão crua e solitária, há de formar visitas vagas, nas manhãs frias de minha estrada!
Então em meio às mudas vozes,
Teu canto ouvira, em um canto obscuro!
Trouxe a luz de volta às salas,
Trouxe em mim o real do mundo.
Mas se tão simples a realidade,
Porque não sentes realidade minha?
Porque não vês tudo que enxergo?
Talvez só vês o que acredita.
Cada vez mais mais funda em meus pensamentos.
Vivia eu só, junto à mente escura,
Encontrara a paz, despida, nua,
Que de tão crua e solitária, há de formar visitas vagas, nas manhãs frias de minha estrada!
Então em meio às mudas vozes,
Teu canto ouvira, em um canto obscuro!
Trouxe a luz de volta às salas,
Trouxe em mim o real do mundo.
Mas se tão simples a realidade,
Porque não sentes realidade minha?
Porque não vês tudo que enxergo?
Talvez só vês o que acredita.
Insônia
Escrito por Gustavo em segunda-feira, 7 de janeiro de 2013 em | 0 comentários
Quarto sufocante e lotado;
Um estranho peso nos ombros, a jornada do dia seguinte; os arrependimentos de 3 meses atrás;
o calor insuportável nos tornozelos e o vento gelado na nuca. Tudo é motivo pra abrir os olhos, até mesmo o som desordenado
do bater do coração. Uma vontade de gritar lhe culmina em cada célula do corpo. Fecha os olhos. Respira fundo.
Aquele mesmo olhar gelado ainda vem na mente. A angústia de ver o tempo fugir pelo vão da porta. Gritar sem fazer escândalo - baixinho, sem voz.
"Calma. Tá no fim". Areia que pesa nos olhos. A nova jornada se aproxima e os arrependimentos se afastam
Cérebro sufocado e lotado.
Um estranho peso nos ombros, a jornada do dia seguinte; os arrependimentos de 3 meses atrás;
o calor insuportável nos tornozelos e o vento gelado na nuca. Tudo é motivo pra abrir os olhos, até mesmo o som desordenado
do bater do coração. Uma vontade de gritar lhe culmina em cada célula do corpo. Fecha os olhos. Respira fundo.
Aquele mesmo olhar gelado ainda vem na mente. A angústia de ver o tempo fugir pelo vão da porta. Gritar sem fazer escândalo - baixinho, sem voz.
"Calma. Tá no fim". Areia que pesa nos olhos. A nova jornada se aproxima e os arrependimentos se afastam
Cérebro sufocado e lotado.
O Suicida
Escrito por Luis Echer em sábado, 5 de janeiro de 2013 em | 0 comentários
Já era pra lá das cinco quando vi o tumulto na praça. Os olhos dos espectadores esperavam por algo que não tinham certeza do que era, mas sentiam ser importante.
-O que está acontecendo aqui?
-Suicídio. Um louco disse que no terceiro soar do sino da igreja, vai pular do prédio.
Olhei pra cima, não havia ninguém no terraço ainda, o sol já baixava e faltava pouco para a noite tomar forma. Era inverno. Sentei na calçada, e esperei o tal espetáculo começar, pode parecer frio vendo por este ângulo, mas era algo inédito para todos. Sentei, pensei em minha vida. Pensei na vida do tal homem que declarava a morte em suas palavras, e em o que o trouxe a tal ponto. Subi correndo cada degrau, passando por cada andar, o cheiro de mofo contagiava o ambiente, deixando tudo aos poucos familiar. Cheguei no topo. Alguns metros mais alto do que qualquer outra pessoa, lá estava eu. Olhei para baixo, senti o ar encher os pulmões.Vi cada segundo passar como a eternidade. Pulei. Toquei. Tocaram.
-O que está acontecendo aqui?
-Suicídio. Um louco disse que no terceiro soar do sino da igreja, vai pular do prédio.
Olhei pra cima, não havia ninguém no terraço ainda, o sol já baixava e faltava pouco para a noite tomar forma. Era inverno. Sentei na calçada, e esperei o tal espetáculo começar, pode parecer frio vendo por este ângulo, mas era algo inédito para todos. Sentei, pensei em minha vida. Pensei na vida do tal homem que declarava a morte em suas palavras, e em o que o trouxe a tal ponto. Subi correndo cada degrau, passando por cada andar, o cheiro de mofo contagiava o ambiente, deixando tudo aos poucos familiar. Cheguei no topo. Alguns metros mais alto do que qualquer outra pessoa, lá estava eu. Olhei para baixo, senti o ar encher os pulmões.Vi cada segundo passar como a eternidade. Pulei. Toquei. Tocaram.
01/01
Escrito por Luis Echer em segunda-feira, 31 de dezembro de 2012 em | 0 comentários
-Esses fogos são pra mim mãe?
-Larga de ser bobo menino! É ano novo, é pra todos.
-Mas e qual é a graça disso?
-Aí depende.
-Do que?
-Assim como o sol nasce a cada um, o ano renasce. Cabe a você escolher entre viver o novo, ou morrer junto ao velho.
-Não entendi..
-Um dia você vai entender filho. Feliz ano novo.
-É bonito, né?
-É lindo.
Hoje, entendo. Feliz vida nova, mãe.
-Larga de ser bobo menino! É ano novo, é pra todos.
-Mas e qual é a graça disso?
-Aí depende.
-Do que?
-Assim como o sol nasce a cada um, o ano renasce. Cabe a você escolher entre viver o novo, ou morrer junto ao velho.
-Não entendi..
-Um dia você vai entender filho. Feliz ano novo.
-É bonito, né?
-É lindo.
Hoje, entendo. Feliz vida nova, mãe.
Contando as horas
Escrito por Gustavo em sábado, 29 de dezembro de 2012 em | 0 comentários
Eu irei para onde há pinheiros
Foi lá que eu a vi pela última vez
O anoitecer lança um pano sobre os campos
E nos caminhos por trás da floresta
E isso faz das árvores tão negras e vazias
Me machucando dolorosamente
Os pássaros não cantam mais
Sem você eu não existo
Sem você, estou sozinho
Sem você, conto as horas
Não vale a pena
Os galhos cobrem as sepulturas
Fica tudo tão quieto e inerte
O ar está muito pesado
E isso me machuca dolorosamente
Os pássaros não cantam mais
Sem você eu não existo
Com você, estou sozinho
Sem você, conto as horas
Com você, conto os segundos
Não vale a pena
Foi lá que eu a vi pela última vez
O anoitecer lança um pano sobre os campos
E nos caminhos por trás da floresta
E isso faz das árvores tão negras e vazias
Me machucando dolorosamente
Os pássaros não cantam mais
Sem você eu não existo
Sem você, estou sozinho
Sem você, conto as horas
Não vale a pena
Os galhos cobrem as sepulturas
Fica tudo tão quieto e inerte
O ar está muito pesado
E isso me machuca dolorosamente
Os pássaros não cantam mais
Sem você eu não existo
Com você, estou sozinho
Sem você, conto as horas
Com você, conto os segundos
Não vale a pena
Liberdade Mental
Escrito por Luis Echer em terça-feira, 4 de dezembro de 2012 em | 1 comentários
Em meio à sala de aula lotada, deparo-me com a seguinte pergunta: até que ponto somos livres?, não falo de liberdade comprada, ou uma tentativa falha em ser "do contra", ser livre vai muito além disso. Um cara me disse que liberdade é quando nenhum agente externo influencia sua escolha, mas como isso é possível quando expressar uma opinião significa levar um tapa na cara? A verdade é lamentável, mas ao mesmo tempo lógica: Quer ser livre? more numa selva sozinho, e não esqueça de ser inconsciente, caso contrário sua própria consciência tornará as escolhas mais difíceis. Talvez o ser humano não consiga lidar com o fato de viver trancafiado em uma jaula, e se ilude com a artificialidade de um ser "quase livre". Não acho que isso seja possível, ou a porta está aberta, ou fechada, nesse tipo de situação não existe meio termos. Quem se contenta com semi-liberdade é porque tá preso. "Pássaro livre canta, pássaro enjaulado lamenta". Talvez a sociedade realmente acredite estar cantando, cega por uma tentativa falha de não seguir os padrões e mais padrões que são impostos perante a mediocridade de cidades lotadas de homens e mulheres, cheios de cabeças vazias. Sugiro a quem acha tudo tão normal olhar as coisas mais de perto. É muito lamento pra pouca cantoria.
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